Atualmente divulgando
um trabalho histórico, o fabuloso e completo “Eurocaos – Ao Vivo” (2013), os
mineiros do Uganga, mesmo tendo uma ótima repercussão com o atual álbum, não
esmorecem. Afinal, a banda já anunciou para 2014 um novo disco de estúdio que,
segundo Manu “Joker” (vocalista, ex-baterista do Sarcófago), é o melhor
registro de sua carreira. Acompanhado atualmente por Christian e Thiago
(guitarras), Ras (baixo e vocal), além do seu irmão Marco (bateria), Manu
mostra que está no melhor momento com o Uganga. Falamos com o atencioso
vocalista a respeito disso tudo na entrevista abaixo.
O
Uganga está há 20 anos na estrada, mas lançou apenas 3 discos, além do
“Eurocaos – Ao Vivo”. Em 20 anos de carreira não caberiam mais alguns trabalhos
aí?
Manu
“Joker”Henriques: Salve mano, na verdade nós lançamos 3
demos antes do primeiro CD (“Atitude Lotus” - 2003) e participamos de algumas coletâneas. A nossa
história é um pouco complicada pois no início éramos um projeto paralelo já que
todos tocavam em outras bandas mais pesadas , eu por exemplo era baterista do
Nuts. A banda no início se chamava Ganga Zumba e era praticamente Hardcore com
uns lances a lá Helmet. Ficamos nessa de 93 a 97 e fizemos poucos shows já que
era algo totalmente ‘for fun’, sem maiores pretensões. A partir de 97
estabilizamos formação e lançamos 3 demos: “Antes Que O Mal Cresça” (97), “100
Pressa 100 Medo”(98) e “Couro Cru”(99) todas bem distantes do som que fazemos
hoje, já que a proposta musical era outra, assim como a maioria dos
integrantes. Nessa época inclusive tocamos no programa “Ultra-Som”da MTV que
divulgava bandas novas. Em 2002 mudamos o nome para Uganga, eu passei pro
vocal, mudamos a formação e lançamos nosso primeiro álbum ainda com composições
da antiga fase. Já no segundo trampo “Na Trilha Do Homem De Bem” (2006)
encontramos nosso som, eu me firmei como vocalista e desde então seguimos nessa
trilha. Basicamente o começo do Uganga foi outra banda, mas várias idéias já
estavam lá e a partir de 2003 nos encontramos e deixamos as experimentações de
lado. Eu acho que precisava ter passado por tudo isso pra voltar onde comecei ,
em 1986, misturando Metal e Hardcore (risos). Foi um bom aprendizado e agora
estamos prontos pra seguirem frente por muito mais tempo.
Manu,
você é parte da cena mineira conhecida em todo mundo, foi baterista do
Sarcófago. Porém, com o Uganga, além de deixar de tocar bateria e assumir os
vocais, você partiu para uma proposta musical totalmente diferente. Fale-nos um
pouco a respeito disso?
Manu
“Joker”: É aquilo que estava falando, minha escola na real é
o Crossover, eu comecei tocando esse estilo no Angel Butcher em 1986, é dali
que eu venho. O lance do Death Metal veio depois com o Sarcófago, banda que eu
já era fã desde a primeira demo. No Angel Butcher nós já tínhamos blast beats,
ouvíamos muito Cryptic Slaughter, Hardcore finlandês, etc... Eu já era amigo do
Wagner e quando resolveram gravar o “Rotting” me chamaram, aceitei e me adaptei
bem à sonoridade da banda. Pra ser sincero eu nunca fui de ouvir um só estilo
de música, desde o início meu gosto foi bem variado e bandas que foram influência
pro Sarcófago no início, como Sodom, Destruction, Discharge, também fizeram
parte da minha formação musical.
Aliás,
por que decidiu deixar de tocar bateria?
Manu
“Joker”: Por necessidade. O Uganga vinha quebrando cabeça com
vocalistas desde que o Leospa (nosso primeiro vocal) deixou a banda em 99. Inclusive
acho que esse foi o principal fator pra termos ido para uma linha musical mais
leve naquela época. Eu e o Leospa éramos o núcleo inicial da banda e depois que
ele saiu me vi tocando com músicos de outras escolas. Foi legal por um tempo,
abriu novos horizontes, mas não iria dar certo pra sempre. No meio das gravações do primeiro disco o pau
quebrou de vez e com a saída do baixista e do segundo vocalista assumi a função
em definitivo já que cantava e tocava algumas partes desde o início. Eu ainda
toco bateria no Angel Butcher ocasionalmente, toquei na tour do Tributo Ao
Sarcófago anos atrás e em outros projetos paralelos, mas no Uganga sigo como
vocalista tendo meu irmão Marco cuidando muito bem das baquetas .
Vamos
falar do disco “Eurocaos – Ao Vivo”, afinal é um trabalho histórico. Como foi o
planejamento todo do lançamento deste álbum? Acredito que tenha sido bem
trabalhoso, não?
Manu
“Joker”: Na primeira tour do Uganga pela Europa em 2010 nos
foi oferecido gravar o show do “Razorblade Festival” na Alemanha, com
excelentes condições técnicas e um preço impossível de se imaginar aqui no
Brasil. O Fernando da Metal Soldiers também disse que iria gravar o show do
Side B em Benavente (Portugal) e nos preparamos bem para ambos. Na verdade o
que se ouve ali é o que foi tocado, nada de overdubs, etc... É a banda crua,
sem maquiagens, um o registro fiel do que era nosso show em 2010. É possível
até ouvir alguns pequenos erros, mas como não somos uma banda de Prog Metal tá
tudo certo (risos).
Obviamente
que quando vocês viajaram para a Europa vocês tinham em mente registrar aquilo
tudo. Mas já havia a idéia de lançar esse material registrado por lá?
Manu
“Joker”: A idéia inicial era colocar essas gravações de
bônus no próximo CD de estúdio ou algo do tipo, mas depois de ouvirmos o
material resolvemos juntamente com nosso empresário Eliton Tomasi que valeria
lançarmos um álbum ao vivo. Optamos pelo show da Alemanha completo e os dois
covers que fizemos em Portugal (Sarcófago e Seputura). Como iríamos participar
de 2 CD’s tributo (Stress e Pastel De Miolos) também colocamos essas faixas de
bônus junto com outras vinhetas e acabou ficando um material bem interessante. Além
disso, o CD tem faixa multimídia com um documentário sobre essa primeira tour e
com 2 clipes, tudo feito pelo nosso chapa Eddie Shumway da produtora
Travesseiro. O “Eurocaos – Ao Vivo” estava fechado pra sair só na Europa pela
Metal Soldiers mas o pessoal da Sapólio Radio de Uberaba entrou na jogada junto
com a Incêndio e lançamos aqui também com uma embalagem de luxo, encarte com 16
páginas, diário da tour, slipcase... Estamos bem satisfeitos com o resultado,
como disse é cru, sem maquiagens e ao meu ver é isso que se espera de um disco
ao vivo.
Por
que decidiram registrar um material histórico como este na Europa e não aqui na
Brasil? Até porque vocês cantam em português.
Manu
“Joker”: Por ter aparecido a oportunidade de fazê-lo por lá e
por ser algo não muito comum em se tratando de bandas brasileiras.
Comercialmente falando acho que foi uma decisão bem acertada. Sobre cantarmos
em português isso nunca foi um problema, estamos voltando da segunda tour por
lá, tocando ao lado de bandas que cantam em inglês, e a resposta pro Uganga foi
ainda melhor dessa vez. Na Europa tem bandas fazendo sucesso cantando em Sueco,
Polonês, Finlandês... Ah! ainda tem o
lance da cena nacional dos anos 80 ser muito cultuada por lá, bandas como
Holocausto, Vulcano, Ratos de Porão
etc... Essa ditadura já era e quem quiser nos ouvir será assim.
E
como tem sido a repercussão de “Eurocaos – Ao Vivo” tanto aqui como na Europa?
Manu
‘Joker”: Na verdade como
o álbum ainda não saiu na Europa só temos o feedback do Brasil até o
momento, e está sendo extremamente positivo. Sem exageros é nosso álbum mais
elogiado pela crítica até agora e as vendas estão muito boas tanto pelo correio
quanto nos shows. Na Europa ele sairá no começo do ano e aí teremos como
avaliar a recepção por lá.
Recentemente
vocês retornaram da segunda turnê europeia. Como foi a segunda passagem pelo
velho continente? Qual a diferença entre essa turnê e a turnê de 2010 que
originou “Eurocaos – Ao Vivo”?
Manu
“Joker”: Essa segunda tour foi ainda melhor que a primeira.
Pegamos estrada junto com a excelente banda de Thrash Metal polonesa
Terrordome, caras muito legais por sinal e foi uma grande festa. Ficamos menos
tempo que da primeira vez, só 15 dias, mas rodamos bastante e por onde passamos
fomos recebidos de braços abertos. Mesmo cantando em português a resposta foi
surpreendente, esperamos voltar em breve!
Agora
falando no futuro. Vocês anunciaram o lançamento do novo disco de estúdio que
se chamará “Opressor”. O que você poderia nos adiantar a respeito do novo
disco? Qual a previsão de lançamento?
Manu
“Joker”: Cara estamos muito felizes com esse álbum. É
aquilo, todo mundo fala que o novo CD é o melhor né (risos)? Mas
definitivamente esse é nosso melhor trabalho e deixa longe tudo o que já
lançamos até aqui. Tanto individualmente quanto nas composições, produção ,
arte, tudo! Pra falar a verdade eu considero meu melhor trabalho na música
desde que comecei a tocar em bandas em meados dos anos 80. Fizemos um pré-produção
bem cuidadosa que levou mais de um ano, gravamos com o Gustavo Vasquez no Rocklab
(Goiânia) onde já tínhamos feito o cover do Stress e a previsão é sair no
começo do ano. Estamos ainda negociando com alguns selos e logo que
oficializarmos tudo iremos anunciar pra geral. Acredito que o “Opressor” irá
levar a banda para novos horizontes.
Muito
obrigado pela entrevista e sucesso sempre!
Manu
“Joker”: Obrigado vocês pelo espaço. Um salve a todos que
leram essa entrevista e esperamos vê-los na estrada, paz!
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