O As Dramatic Homage
tem como principal alicerce seu vocalista e guitarrista Alexandre Pontes que
praticamente lançou o debut da banda “Crown” (2012) sozinho. Tendo em seu
início um foco mais voltado para o Black/Doom Metal, em seu primeiro disco a
banda mostrou uma vertente ainda focada nos dois estilos mas que também
transita por outros caminhos como o Prog Metal, Heavy Metal e até música clássica.
Atualmente com Evanildo Gouveia (bateria), Antony Vinco (teclado) e Alexandre
Martins (baixo), o quarteto carioca mostra que está tendo sucesso com o
primeiro disco, como nos contou Pontes em uma esclarecedora conversa, que
também abrangeu outros assuntos.
Enfim,
o que culminou que apenas você acabou gravando “Crown”? Quais foram as
vantagens e desvantagens de trabalhar sozinho no álbum?
Alexandre
Pontes – Eu sou o compositor e letrista da banda, comecei a
desenvolver esse trabalho de maneira bem minuciosa e até então havia um
baixista e outro guitarrista na época. Porém, com o tempo alguns compromissos
individuais de cada um, a situação foi ficando complicada para que
permanecessem na banda. Mesmo assim algumas partes foram gravadas por eles,
então me vi só, porém não podia deixar que isso abalasse meus objetivos. Fiz o
que tinha que ser feito, muito trabalho foi desenvolvido em torno dos arranjos
musicais, vocais, letras e foi um processo que me dediquei intensamente. As
vantagens que vejo em ter trabalhado sozinho é que hoje se eu tenho alguma
atenção com a minha música é um mérito da minha dedicação e de certa forma da criatividade
em alguns aspectos. A intenção em representar a minha extensão musical é o que
resultou no repertório desse CD e obviamente essa é a afirmação da minha
personalidade musical. Sobre as desvantagens, no aspecto financeiro é
complicado porque você precisa continuar trabalhando sempre e gastos são
inevitáveis, os compromissos pessoais às vezes se confrontam com os da banda
que tem que ficar em segundo plano, mas fora isso, sinceramente não vejo tantas
desvantagens.
Você
compôs o álbum todo ou algumas músicas já estavam prontas desde quando a banda
contava com a antiga formação?
Alexandre
Pontes – Algumas delas já tinham um desenvolvimento
encaminhado, mas nada aproveitado de formações anteriores, a banda não tinha
uma formação fixa desde 2005! As ideias, personalidade e visões sobre muitas
coisas hoje em dia são bem diferentes daquela época, tudo que foi depositado no
CD são idéias e ideais que vieram se desenvolvendo em 2 anos, ou seja, foram
atuais e minhas.
Interessante
notar que, apesar de “Crown” ser o primeiro disco do As Dramatic Homage, mostra
uma evolução na sonoridade das composições. Isto é, a banda iniciou se
enveredando pelos caminhos do Black/Doom Metal, mas hoje explora outros
elementos como o do Progressivo e do Metal em si. Fale-nos um pouco a respeito.
Alexandre
Pontes – É algo que desde o começo da banda existiu, seguir
esse caminho foi uma novidade que me marcou bastante na época e evoluir no meu
caso sempre foi um objetivo, a ambição de progredir e não seguir tendências.
Não acho que mudamos muito o estilo, mas acho que ampliamos dentro de nossa
própria identidade. Sei que sou responsável pelo fato dessas “mudanças” por
sempre ter sido o compositor e por isso ao longo dos anos tive, assim como
ainda tenho interesse em transitar por novos caminhos e me desenvolver como
compositor. Não vejo muito sentido em querer ficar estagnado musicalmente, meu
ego não determina nada nas minhas músicas e sim meu coração e boas intenções,
sempre trabalhei assim. É muito natural levar a nossa música em pontos
distintos, climas diferentes e com intensidade.
O
trabalho vocal apresentado no disco é um dos pontos positivos. A alternância
entre rasgado e limpo, além de passagens narradas estão muito encaixadas. Como
você desenvolveu isso?
Alexandre
Pontes – Sempre levei tudo na raça e no estilo “faça você
mesmo”, então essa é uma gratificante observação, muito obrigado. Acho que
devido ao tempo que faço essa função me ajudou, porém as linhas de vocal limpo
foram o meu maior desafio. Como disse anteriormente, sempre quis me desenvolver
por esses níveis maiores, obviamente em minhas condições, o importante é saber
até aonde você pode chegar com sua personalidade, sem essa de querer imitar
alguém. Eu procuro fazer o melhor com o que eu tenho, mas não me sentia muito
capaz, no entanto toda essa energia que me envolvia em relação ao nível das
músicas me fez ter um pouco mais de coragem, as músicas pediam algo mais que
vocais pesados, eu precisava dar um tom mais envolvente, emotivo e épico em
algumas passagens das músicas, então durante o processo de pré-produção eu
ouvia e pensava: ‘sim eu sou capaz’, e ali foi o que me deu mais segurança e me
senti muito bem em desenvolver essas linhas pois foi uma conquista pessoal
muito importante como vocalista.
“Crown”
é um trabalho bem particular que traz conceitos filosóficos em seus temas.
Fale-nos um pouco do contexto lírico abordado no álbum.
Alexandre
Pontes – Escrever letras é uma tarefa que requer estudo e
experiência e obviamente demorou mais a preparar toda a estrutura dos temas
líricos. Eu preciso me sentir “encontrado” com o sentido do que quero
transmitir, as palavras são parte de um contexto complexo e completo que
precisam estar em harmonia com a música. Eu tenho a minha maneira de escrever,
desenvolver e achar as palavras certas que expressem o sentido pelo qual quero
transmitir, não é algo que encaro com facilidade, porque a minha pretensão é
escrever sobre algo relevante, que tenha um mensagem ou reflexão interessante
sobre as pessoas, de maneira até poética, mas sei que tem pessoas quem nem ligam
para as letras de uma banda. Acho que deve haver um elo realmente forte em tudo
o que envolve uma música.
E
como tem sido a repercussão do disco até então?
Alexandre
Pontes – Eu me deparo com essa questão através de vários
panoramas. Ter sucesso ou ser bem repercutido entre o público e mídia é algo
que não se tem como medir, pois estamos lhe dando com as chances de ser aceito
ou não diante do gosto pessoal das pessoas, nem as grandes bandas tem muita
noção disso hoje em dia. Um grupo lança um CD, vende-se pouco, é feito muito o
download dessa obra. Tocar no próprio estado é complicado, em outros estados é
mais ainda, mas se as pessoas ouvirem algo de seu som e gostarem seu nome será
repercutido. A divulgação “boca a boca” ainda é uma das melhores formas de
divulgação. No nosso caso eu tenho muito os pés no chão, pessoas de gostos
musicais bem distintos curtem nosso trabalho e isso é bom, demonstra que não
estamos focados em estar dentro de apenas um segmento musical, mas isso não é
uma opção, é a nossa característica musical, a nossa música fala por si. Não
estou nesse meio pra ser famoso, ter grana, claro que eu não sou hipócrita de
falar que se isso acontecesse eu não iria gostar, mas eu sei como é o meu país
e o público. O Brasil é uma potência de bandas de qualidade, desde o mais
extremo, sujo e ríspido até o mais sofisticado e progressivo, porém o respeito
e apoio é praticamente nulo. Então eu considero que diante das ótimas resenhas
em torno do CD, estamos dando passos curtos e importantes, posso considerar que
está sendo bem positiva essa aceitação, todo bom reconhecimento deposita uma
dose de energia positiva em cima do seu ego e trabalho. Te dá forças para
caminhar e querer mais, seguimos sempre adiante.
Atualmente
o As Dramatic Homage conta com uma formação, ou seja, não é mais somente você
(risos). Como se deu a entrada dos novos integrantes?
Alexandre
Pontes – É, agora não sou mais eu, que merda (risos). Vamos
lá, eu e o baterista já tivemos uma banda no começo dos anos 90 que durou até
98, quando eu resolvi terminar com esse projeto e formar o As Dramatic Homage com
outras pessoas. Em 2010 eu estava sem baterista na banda e convidei ele para
saber se poderia fazer alguns shows com a gente, mesmo sabendo que ele não
tinha um desenvolvimento muito ligado ao nosso estilo. Porém, pelo fato de já
ter tido trabalhado antes com ele, sempre soube do seu potencial e energia em
tocar seu instrumento, isso foi crucial e sempre me deixava motivado, a química
dos velhos tempos estava lá depois de 12 anos, porém de uma maneira musical
mais madura e a situação foi se desenvolvendo. O tecladista nós nos conhecíamos
de ocasiões e certa vez comentei com ele que estava pensando em ter um
tecladista para tocar em shows, mas não sabia que ele tocava e ele mencionou que
tocava e gostaria de tentar. Fiz o convite para ir aos ensaios e ver as
possibilidades, a coisa foi fluindo e certo dia perguntei se ele queria
permanecer na banda como integrante e assim voltamos a ter um tecladista
novamente. O atual baixista já esteve na banda antes, mas devido as suas
obrigações pessoais na época teve que sair e retornou esse ano para fazer
alguns shows. Estamos com uma unidade em sinergia, as coisas têm fluido bem.
Aliás,
vocês tem se apresentado ao vivo? Como está a agenda de shows?
Alexandre
Pontes – Sim, fizemos alguns shows em nossa região e em
Campos dos Goytacazes/RJ, devemos finalizar o ano com uma apresentação agora no
mês de Novembro aqui no Rio de Janeiro, depois estaremos mais focados para dar
continuidade nas novas músicas e estarmos prontos para o próximo ano afim de
obter mais possibilidades de apresentações principalmente fora de nosso estado.
“Crown”
saiu em 2012, portanto acredito que você já tenha algum material novo para um
próximo trabalho. O que pode nos adiantar a respeito do futuro do As Dramatic
Homage?
Alexandre
Pontes – Sim existem muitas ideias que já estou trabalhando,
porém pretendemos levar o “Crown” para mais locais e pessoas ainda, se possível
realizar mais apresentações e paralelamente estaremos focados nos novos sons e
demais atividades que possam impulsionar nosso nome.
Muito
obrigado. Pode deixar uma mensagem aos leitores.
Alexandre
Pontes – Eu agradeço imensamente pela atenção e apoio ao
nosso trabalho e aos leitores. Conheçam nosso mais recente trabalho, o aclamado
CD “Crown”. Apoiem as pessoas que trabalham de forma séria e honesta para
manter o metal nacional no topo. Um grande abraço á todos e sucesso em seus
ideais, sucesso ao Arte Metal sempre!
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