Após dois álbuns
expressivos lançados no final da década de 90 e começo dos anos 2000, a banda
paulista Panzer resolveu encerrar as atividades. Acertadamente, em 2012, Edson
Graceffi (bateria) e André Pars (guitarra) – membros remanescentes – recrutaram
Rafael DM (baixo, Devon) e o vocalista Rafael Moreira (Reviolence,
ex-Sacrament, ex-Upstairs) e voltaram chutando portas lançando o single
“Rising” e o EP “Brazilian Threat” no mesmo ano. Agora, a banda vem divulgando
o ótimo álbum “Honor” (2013), onde mostra toda sua essência, além da adaptação
ao som e mercado atuais. Conversamos com André sobre estes e outros assuntos.
Foram
11 anos sem lançar material inédito, do álbum “The Strongest” (2001) até o
single “Rising” (2012). O Panzer chegou a acabar ou foi apenas uma pausa?
André:
A banda chegou a acabar realmente. Na época as coisas dentro da banda estavam
tomando proporções insustentáveis e resolvemos nos separar. O mais engraçado de
tudo isso, é que vendo tudo o que rolou, com a cabeça que temos hoje, tudo soa como
uma grande bobagem. Poderíamos ter passado por cima de muita coisa e não ter
parado. Mas de certa forma foi bom, pois voltamos com muito gás. E hoje somos
mais sólidos com nossas ideias e acima de tudo mais parceiros.
Como
e quando surgiu a vontade de produzir material novo?
André:
A gente acredita que se é pra voltar, tem que ser enfiando o pé na porta. Não
queríamos apenas viver do passado e o fato de termos dois integrantes novos,
também fez com que as coisas rumassem dessa forma. Desde o começo da banda
sempre gostamos de produzir bastante coisa e não é diferente agora. Ano passado
quando resolvemos voltar com a banda, sabíamos que teríamos que mostrar algo
para o público, pois muita gente simplesmente nunca havia ouvido falar de nós e
os antigos fãs amadureceram também. Tudo isso e mais o fato de querermos compor
coisas novas, fez com que as coisas fossem feitas e de forma rápida. Estamos
felizes com os resultados.
Logo
depois do retorno vocês lançaram o EP “Brazilian Threat” (2012) e o álbum
“Honor” em 2013. As composições destes trabalhos foram feitas após o retorno ou
havia material que estava engavetado desde quando a banda resolveu encerrar as
atividades?
André:
No EP “Brazilian Threat” regravamos uma música do “Strongest” e usamos alguns
trechos de uma música que não chegou a sair no mesmo disco no passado. Mas tudo
soou diferente com o nosso vocalista Rafael. Ele imprimiu muita agressividade
ao som e quando estávamos ensaiando decidimos que tínhamos que mostrar isso de
alguma forma, mas que não daria pra esperar o CD novo sair. Então resolvemos
fazer o EP que foi gravado totalmente ao vivo. Justamente pra mostrar como
estávamos soando ainda... Já no disco “Honor”, 90% do material é totalmente
novo. Usamos algumas coisas minhas compostas no período de hiato da banda e tal,
mas posso dizer que é quase tudo novo ali...
Falando
de “Honor” o novo trabalho traz o Thrash Metal típico da banda, com a pegada
Rock and Roll que vocês sempre possuíram. Porém, essa essência ‘rocker’ parece
mais evidente neste trabalho. Isso foi um direcionamento a ser seguido ou fluiu
naturalmente?
André:
Acho
que essa influência foi natural, mas é resultado de um amadurecimento que foi
rolando ao longo dos anos e no nosso dia a dia. Eu e o Edson sempre gostamos
muito de Stoner e Rock and Roll em geral e isso acaba se refletindo no som.
Desde o primeiro trabalho pode-se ouvir essas influências. E concordo com você
quando diz que esse trabalho traz isso mais à tona. Acho que achamos o
equilíbrio entre esse lado Stoner que temos e que faz parte da nossa história,
com o lado mais agressivo, trazido principalmente pelo Rafael Moreira, nosso
vocalista.
Aliás,
apesar do foco no Thrash Metal, as composições possuem influências de Black
Sabbath e flerta até com o Stoner Metal. Isso mostra que o Panzer é uma banda
que não impõe limites à sua música?
André:
Quando uma coisa está soando natural e é feita com paixão, acredito que os
limites passam a não fazer parte da nossa forma de compor. Se a música está
soando ultra-agressiva, mas soa bem, ok. Se esta soando mais Rock And Roll e
também nos agrada, beleza! Nada de errado nisso, e é assim que a gente monta o
nosso som. Tem funcionado bem e os resultados nos agradaram bastante.
O
trabalho fecha com a faixa cantada em português Alma Escancarada, que ficou muito boa em nossa língua pátria. Por
que decidiram gravar uma faixa em português? Já pensaram na possibilidade de
lançar um álbum cantado somente em nosso idioma?
André:
Legal você ter gostado. Sempre tivemos essa vontade de gravar em português, mas
nunca havíamos parado pra fazer acontecer. No disco “Honor” decidimos que isso
seria feito e compusemos um som já pensando nisso. Não sei se gravaríamos um
disco totalmente em português, pois o inglês é muito forte no nosso som, mas não
descarto a hipótese de gravar mais alguma coisa em português ou até mesmo um
EP, ou algo assim. Gostamos do que ficou no disco e a letra é muito forte. Fala
sobre bullying que muita gente sofre calada e que as marca pra vida toda. Falar
sobre isso é uma forma de dar voz a essas pessoas que não conseguem se fazer
ouvir pela opressão.
Como
tem sido a repercussão do disco até então? Hoje em dia, com a facilidade nos
downloads pela internet, lançar um material físico tem sido uma ousadia? Qual
diferença você vê em relação à repercussão dos dois primeiros trabalhos, já que
naquela época o download não era tão intenso assim?
André:
Realmente lançar um disco hoje em dia, é complicado, pois não temos a certeza
do retorno financeiro e nem nada. É muito fácil ter o disco na internet de
graça. Por outro lado, queremos ter um registro do nosso trabalho e muitas pessoas ainda gostam de ter os CD’s,
vinis, etc... É pra nós mesmos e para essas pessoas que resolvemos fazer o álbum
físico. O primeiro disco foi um começo, não sabíamos ainda como mexer com o ‘business’
da coisa e acabamos vendendo tudo o que foi prensado, mas não corremos atrás de
mais prensagem, etc. Já no segundo trabalho as vendas foram muito legais e
muita gente hoje entra em contato conosco dizendo que tem o CD. Isso é legal.
Um disco virtual não traz esse tipo de satisfação. Embora, eu acredite que
lançar material virtual seja legal em alguns casos, pois agiliza todo o
processo e coloca as pessoas em contato com a banda de forma rápida e gratuita.
Foi assim no EP “Brazilian Threat”. Ano que vem, teremos o “Strongest” lançado
em vinil. Isso é a realização de um sonho pra mim e para o Edson. Será uma
tiragem limitada, numerada e com arte gráfica de primeira linha e vinil
colorido. Muito legal. Resumindo, tem espaço pra tudo e acho que vale sim a
pena lançar um disco físico, mesmo que isso seja caro e não tão rentável.
A
banda lançou “Honor” pela Shinigami Records, uma das maiores gravadoras de
Metal do país. Como tem sido o trabalho de divulgação do novo álbum?
André:
Só posso dizer uma coisa deles. Eles são demais! Nos apoiaram e trabalham
direitinho. É um mercado ingrato, mas eles fazem com maestria, respeito pelas
bandas e por amor acima de tudo. Esta sendo muito bom ter eles como parceiros.
O
Panzer é uma das bandas que tem apostado em seu próprio festival, o “Panzer
Fest” que já teve duas edições. Qual o propósito, as vantagens e desvantagens
de se organizar o próprio evento? Isso é reflexo da falta de lugares para se
apresentar ou é uma forma mais fácil de divulgar o próprio trabalho?
André:
O Festival é uma alternativa que encontramos desde os anos 90 para colocarmos
nosso show e de outras bandas em locais com boa estrutura dentro da capital de
São Paulo, justamente pela falta de bons locais que abrissem a porta
exclusivamente para o Metal. Nós na verdade trocamos o nome do Fest. Fizemos no
passado muitas edições na Casa de Cultura do Ipiranga (em São Paulo/SP), que
era um bom local para shows de Metal.
Parabéns
pelo retorno. Pode deixar uma mensagem.
André:
Agradeço ao espaço da entrevista no Arte Metal e queremos agradecer aos ‘metalheads’
que têm nos apoiado desde a volta da banda, estamos junto com vocês!
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