terça-feira, 16 de setembro de 2014

Entrevista


Não podemos dizer que os paulistas do Gasoline Special fazem apenas Rock and Roll, já que o estilo abrange diversas formas de música atualmente. O fato é que o quarteto formado por André Bode (vocal/guitarra), Victor Zeh (guitarra), Junior Costa (baixo) e Junior Scalav (bateria) investem em um tipo de Rock que está cada vez mais escasso no cenário. A prova disso fica no álbum “Rock ‘n’ Roll” (2014) que traz uma música enérgica, agressiva e variada. Conversamos com André Bode, que falou a respeito do novo disco, do Rock em si e muito mais.

Vou iniciar com um parágrafo que utilizei na minha resenha para definir o som da banda. O Gasoline Special investe em um Rock ‘n’ Roll sarcástico e nervoso, com leve influência do Punk setentista, som enérgico e sem papas na língua. Guitarras furiosas transitam pelo estilo e ainda adotam bases Rockabilly, colocando o peso em evidência na medida certa. Você concorda com isso?
André Bode: Primeiramente gostaria agradecer a todos da ARTE METAL pelo espaço! Quanto à pergunta, acredito que essa é uma boa maneira pra expressar nossa musicalidade, sim, eu diria que temos uma influência muito forte de Punk Rock, principalmente de bandas Proto-Punk como Stooges e MC5, nosso lance é abusar da intensidade, portanto tudo que tem energia e explosão está dentro das influências, Motorhead, Ramones, Nashville Pussy, Nirvana, Black Sabbath, Entombed, Hellacopters, Turbonegro, Fu Manchu, Nebula, Hendrix, Chuck Berry, James Brown, etc... Está tudo ali misturado e fritando as ideias na hora de compor as canções.

Por que a banda resolveu chamar o primeiro disco de “Rock ‘n’ Roll”? Vocês não ficaram com medo de soar pretensioso?
André Bode: Não mesmo, pelo contrário, esse nome é uma síntese do que você vai encontrar no nosso disco. Nada mais que isso, sem fita, sem plástico. É Rock and Roll cru e direto.

Aliás, a sonoridade da banda transita pelo verdadeiro Rock. Essa sempre foi a intenção da banda na hora de compor? Como é o processo de composição de vocês?
André Bode: Sim, o lance é transitar dentro do estilo, hora puxando mais pra um subgênero ou outro, ou ambos, não vejo problemas em misturas desde que sejam bem feitas. O processo de composição geralmente é o seguinte, eu tenho uma ideia de letra que acaba me direcionando pra uma sonoridade em particular, levo um esqueleto do som ou apenas alguns riffs principais com uns rascunhos da letra e os refrãos para a banda, então vamos tocando e incrementando até ir tomando forma.

O som de vocês soa acessível de certa maneira, mas a banda ainda apresenta certa agressividade no contexto geral, concordam?
André Bode: O termo acessível é relativo, e acaba sendo pouco importante perto do que realmente interessa que é se a música é boa ou ruim. Carcass não é acessível, Rolling Stones é acessível e pra mim ambos são bons demais, são geniais! Acho que nossa música pode ser acessível dependendo do meio que estiver sendo executada, acho que entre fãs de Rock and Roll vamos estar em casa! A agressividade do nosso som é natural, todos nos sentimos a vontade entre guitarras distorcidas, Junior, o nosso baterista, desce o braço e a coisa toda flui pra esse lado.

Essa agressividade está incluída nas letras (a maioria cantada em português). Nelas até ‘palavrões’ surgem e mostra que a banda não está preocupada com a veia comercial. Fale um pouco a respeito.
André Bode: Em minha opinião pessoal acho que o Rock and Roll tem que ter contravenção e rebeldia, ele sempre precisou dessa energia para existir, sem isso chegamos em um Rock miserável ou aos estereótipos de “Rockeiro Bom Moço” que o Pop Rock construiu nos últimos anos, o que acabou culminando em aberrações como Restart. E foda-se o linguajar (risos), os palavrões fazem parte do processo pra deixar as coisas mais verdadeiras e divertidas. Até o momento não sentimos necessidade de fazer música comercial.

Falando em letras, a de 2000 e Foda-se! pode ser considerada a melhor proposta da banda em todos os sentidos?
André Bode: É uma letra que fala sobre essas “bandas fita” dentro Do Metal, Hardcore, Punk e Rock And Roll, é uma letra bem polêmica se for ver. Mas não é essa exatamente nossa proposta no disco todo, cada música tem uma letra que fala de algo diferente, uma história, ou uma ideia. Mas é normal alguém sair ofendido.

E como está a repercussão do trabalho?
André Bode: Até agora só recebemos boas críticas, muita gente fala que nossa música é divertida e ideal pra se escutar em noites de bebedeira e farra com os amigos, acho que isso é uma boa, a ideia é essa mesmo, festa é algo que todo mundo gosta. O público tem gostado bastante, tanto dos shows quanto do disco, quem não conhecia o Gasoline Special se surpreendeu e tem elogiado, comentando que é um tipo de Rock que estava fazendo falta. Portanto acho que estamos no caminho certo, não queremos ser conhecidos por primor técnico ou letras cabeça, queremos que as pessoas que gostem de Rock se identifiquem com esse trabalho e espalhem pra todos seus amigos que curtam a mesma vibe.

O Rock hoje talvez seja mais estereotipado que o próprio Metal, ainda mais quando não parte para o lado comercial. Vocês tem tido espaço para se apresentar? E como tem sido a receptividade do público?
André Bode: O Gasoline Special está sempre fazendo shows, mas como não existe um cenário exatamente Rock and Roll na região, acabamos tocando ao lado de bandas de Metal, Hardcore e Punk Rock, como nosso som vem da mesma raiz de tudo isso acabamos tendo uma boa receptividade por parte da galera. É até mais legal tocar em festivais com bandas de diversos estilos. Como disse um amigo de uma banda de Metal, “é tudo bateria, guitarra, baixo e porrada”, não tem porque segregar, talvez isso que faça o Rock perder espaço no País, essa mania de separar os eventos por sub-gênero em vez de juntar todo mundo.



Os planos para o resto desse ano?
André Bode: Acabamos de lançar nosso clipe da música “Celofane”, estamos divulgando, em breve vamos começar a bolar o próximo, vamos continuar tocando no máximo de lugares que conseguirmos pra levar nossa música pras pessoas. Agora com o disco nas mãos é o que precisamos fazer.

Pode deixar uma mensagem aos leitores do Arte Metal.
André Bode: Pessoal, continuem apoiando as bandas independentes que trabalham sério, escutem, divulguem, comprem material, apóiem blogs e sites dedicados a estes temas e PRINCIPALMENTE, compareçam nos shows! Grande Abraço a todos!


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