Não podemos dizer que
os paulistas do Gasoline Special fazem apenas Rock and Roll, já que o estilo
abrange diversas formas de música atualmente. O fato é que o quarteto formado
por André Bode (vocal/guitarra), Victor Zeh (guitarra), Junior Costa (baixo) e
Junior Scalav (bateria) investem em um tipo de Rock que está cada vez mais
escasso no cenário. A prova disso fica no álbum “Rock ‘n’ Roll” (2014) que traz uma
música enérgica, agressiva e variada. Conversamos com André Bode, que falou a
respeito do novo disco, do Rock em si e muito mais.
Vou
iniciar com um parágrafo que utilizei na minha resenha para definir o som da
banda. O Gasoline Special investe em um Rock ‘n’ Roll sarcástico e nervoso, com
leve influência do Punk setentista, som enérgico e sem papas na língua.
Guitarras furiosas transitam pelo estilo e ainda adotam bases Rockabilly,
colocando o peso em evidência na medida certa. Você concorda com isso?
André
Bode: Primeiramente gostaria agradecer a todos da ARTE METAL
pelo espaço! Quanto à pergunta, acredito que essa é uma boa maneira pra
expressar nossa musicalidade, sim, eu diria que temos uma influência muito
forte de Punk Rock, principalmente de bandas Proto-Punk como Stooges e MC5,
nosso lance é abusar da intensidade, portanto tudo que tem energia e explosão
está dentro das influências, Motorhead, Ramones, Nashville Pussy, Nirvana,
Black Sabbath, Entombed, Hellacopters, Turbonegro, Fu Manchu, Nebula, Hendrix,
Chuck Berry, James Brown, etc... Está tudo ali misturado e fritando as ideias
na hora de compor as canções.
Por
que a banda resolveu chamar o primeiro disco de “Rock ‘n’ Roll”? Vocês não
ficaram com medo de soar pretensioso?
André
Bode: Não mesmo, pelo contrário, esse nome é uma síntese
do que você vai encontrar no nosso disco. Nada mais que isso, sem fita, sem
plástico. É Rock and Roll cru e direto.
Aliás,
a sonoridade da banda transita pelo verdadeiro Rock. Essa sempre foi a intenção
da banda na hora de compor? Como é o processo de composição de vocês?
André
Bode: Sim, o lance é transitar dentro do estilo, hora
puxando mais pra um subgênero ou outro, ou ambos, não vejo problemas em
misturas desde que sejam bem feitas. O processo de composição geralmente é o
seguinte, eu tenho uma ideia de letra que acaba me direcionando pra uma
sonoridade em particular, levo um esqueleto do som ou apenas alguns riffs
principais com uns rascunhos da letra e os refrãos para a banda, então vamos
tocando e incrementando até ir tomando forma.
O
som de vocês soa acessível de certa maneira, mas a banda ainda apresenta certa
agressividade no contexto geral, concordam?
André
Bode: O termo acessível é relativo, e acaba sendo pouco
importante perto do que realmente interessa que é se a música é boa ou ruim.
Carcass não é acessível, Rolling Stones é acessível e pra mim ambos são bons
demais, são geniais! Acho que nossa música pode ser acessível dependendo do
meio que estiver sendo executada, acho que entre fãs de Rock and Roll vamos
estar em casa! A agressividade do nosso som é natural, todos nos sentimos a
vontade entre guitarras distorcidas, Junior, o nosso baterista, desce o braço e
a coisa toda flui pra esse lado.
Essa
agressividade está incluída nas letras (a maioria cantada em português). Nelas
até ‘palavrões’ surgem e mostra que a banda não está preocupada com a veia
comercial. Fale um pouco a respeito.
André
Bode: Em minha opinião pessoal acho que o Rock and Roll
tem que ter contravenção e rebeldia, ele sempre precisou dessa energia para existir,
sem isso chegamos em um Rock miserável ou aos estereótipos de “Rockeiro Bom
Moço” que o Pop Rock construiu nos últimos anos, o que acabou culminando em
aberrações como Restart. E foda-se o linguajar (risos), os palavrões fazem
parte do processo pra deixar as coisas mais verdadeiras e divertidas. Até o
momento não sentimos necessidade de fazer música comercial.
Falando
em letras, a de 2000 e Foda-se! pode
ser considerada a melhor proposta da banda em todos os sentidos?
André
Bode: É uma letra que fala sobre essas “bandas fita”
dentro Do Metal, Hardcore, Punk e Rock And Roll, é uma letra bem polêmica se
for ver. Mas não é essa exatamente nossa proposta no disco todo, cada música
tem uma letra que fala de algo diferente, uma história, ou uma ideia. Mas é
normal alguém sair ofendido.
E
como está a repercussão do trabalho?
André
Bode: Até agora só recebemos boas críticas, muita gente
fala que nossa música é divertida e ideal pra se escutar em noites de bebedeira
e farra com os amigos, acho que isso é uma boa, a ideia é essa mesmo, festa é
algo que todo mundo gosta. O público tem gostado bastante, tanto dos shows
quanto do disco, quem não conhecia o Gasoline Special se surpreendeu e tem
elogiado, comentando que é um tipo de Rock que estava fazendo falta. Portanto
acho que estamos no caminho certo, não queremos ser conhecidos por primor
técnico ou letras cabeça, queremos que as pessoas que gostem de Rock se
identifiquem com esse trabalho e espalhem pra todos seus amigos que curtam a
mesma vibe.
O
Rock hoje talvez seja mais estereotipado que o próprio Metal, ainda mais quando
não parte para o lado comercial. Vocês tem tido espaço para se apresentar? E
como tem sido a receptividade do público?
André
Bode: O Gasoline Special está sempre fazendo shows, mas
como não existe um cenário exatamente Rock and Roll na região, acabamos tocando
ao lado de bandas de Metal, Hardcore e Punk Rock, como nosso som vem da mesma
raiz de tudo isso acabamos tendo uma boa receptividade por parte da galera. É
até mais legal tocar em festivais com bandas de diversos estilos. Como disse um
amigo de uma banda de Metal, “é tudo bateria, guitarra, baixo e porrada”, não
tem porque segregar, talvez isso que faça o Rock perder espaço no País, essa
mania de separar os eventos por sub-gênero em vez de juntar todo mundo.
Os
planos para o resto desse ano?
André
Bode: Acabamos de lançar nosso clipe da música “Celofane”,
estamos divulgando, em breve vamos começar a bolar o próximo, vamos continuar
tocando no máximo de lugares que conseguirmos pra levar nossa música pras
pessoas. Agora com o disco nas mãos é o que precisamos fazer.
Pode
deixar uma mensagem aos leitores do Arte Metal.
André Bode:
Pessoal, continuem apoiando as bandas independentes que trabalham sério,
escutem, divulguem, comprem material, apóiem blogs e sites dedicados a estes
temas e PRINCIPALMENTE, compareçam nos shows! Grande Abraço a todos!
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