O Tellus Terror pode
não ser nenhum pioneiro em mesclar diversos estilos dentro do Metal em sua
música, mas é o inventor do termo Mixed Metal Styles que, mais precisamente,
foi criado pelo vocalista Felipe Borges. Os cariocas lançaram no ano passado um
dos álbuns de estreia mais impactantes de 2014 e já vêm colhendo frutos devido à
qualidade de seu trabalho. Felipe falou com o Arte Metal e, com respostas
objetivas, contou um pouco mais sobre todo processo do álbum, além de mais
coisas detalhadas da banda, que atualmente também conta com Wederson Felix e
Nelson Cordeiro (guitarras), Arthur Chebec (baixo), Ramon Montenegro (teclados
e sintetizadores) e Ali Ghazzaoli (bateria).
Já
que a curiosidade mata se não saciada, enfim, qual o significado do título do
álbum “EZ Life DV8”?
Felipe
Borges – O “EZ Life DV8” (lê-se Easy Life Deviate,
tradução – Desvio Fácil da Vida), retrata o início dos acontecimentos que deram
origem à nossa vida, mostrando como causas naturais e por efeitos da
humanidade, mudam toda a trajetória de nossas vidas.
E
como foi compô-lo? Vocês compõem coletivamente ou cada um traz uma ideia e
depois as juntam nos ensaios e/ou estúdio?
Felipe
Borges - Todas as músicas foram compostas em conjunto na
maior parte. Aconteceu também de modificarmos e criarmos riffs novos durante os
ensaios das músicas.
Desde
que fundaram o Tellus Terror em 2012 a intenção era mesclar estilos, como a
banda demonstra no álbum “EZ Life DV8”?
Felipe
Borges – Esse é o plano para a identidade da banda desde o
começo quando eu criei o estilo M.M.S. (Mixed Metal Styles), a fim de usar tudo
o que as vertentes do Metal e até mesmo do Rock N’ Roll têm a oferecer, para
usar da melhor forma que pudermos.
Muitas
vezes bandas que optam por incluir diversas influências em sua sonoridade
acabam se perdendo e perdendo até a identidade. Com o Tellus Terror isso não
acontece, qual seria a ‘receita’ disso?
Felipe
Borges – Em minha opinião isso se deve ao fato de não sermos
100% mecânicos, mas sim deixarmos o feeling ter voz alta no momento das
composições, para não acontecer o famoso efeito robótico/mecânico em nossas
músicas. Por isso falamos com total convicção que fazemos músicas para as
pessoas em primeiro lugar.
A
faixa Stardust é uma das composições
mais intensas e uma das melhores músicas de abertura que ouvi em anos. Ela foi
uma das primeiras composições da banda?
Felipe
Borges – A Stardust
foi a 4ª música que começamos a compor para o disco, e na época ela era o
patinho feio das músicas (risos), com o tempo fomos amadurecendo a música, e
ela tomou nova forma e ficou ideal para a abertura do disco.
Um
dos maiores destaques individuais da banda são os seus vocais versáteis. Seria
essa uma forma de se diferenciar e sair do comum? Felipe, como você encaixa
seus vocais nas composições? A variação de estilos facilita essas alternâncias?
Felipe
Borges – Desde o começo da banda, eu havia decidido que eu
utilizaria variados estilos de voz, tais como: gutural, rasgado, urrado, drive,
voz de peito e lírico. Basicamente, quando estamos compondo as músicas, fazemos
um plano inicial de quais estilos vamos seguir para cada música, e com isso
defino cada tipo de voz para cada bloco, de cada riff e passagem das músicas
visando acompanhar o estilo e também encaixar estilos diferentes para vertentes
diferentes. Sem dúvida a alternância dos estilos de voz facilita muito para que
eu possa tentar fazer algo diferente.
De
alguma forma, vocês consideram a música do Tellus Terror complexa? Como é
executá-las ao vivo?
Felipe
Borges – As músicas do “EZ Life DV8”, em nossa opinião,
são simples e relativamente fáceis de executar, tanto para gravar, ensaiar e
tocar ao vivo de forma fiel ao que gravamos. Já estamos compondo as músicas do
2º disco e com certeza elas terão um nível de complexidade bem maior, porém,
sem perder a básica essência de que às vezes menos é mais. Estamos compondo
balanceando 50% técnica e 50% feeling.
Por
que decidiram lançar “EZ Life DV8” de forma independente, sendo que o álbum é
de extrema qualidade?
Felipe
Borges – Nós decidimos desde o começo da banda não fazermos
shows, não divulgarmos quase nada até o disco estar lançado, justamente para
trazer um disco pronto de uma banda que ninguém, até então, nunca tinha ouvido
falar. É claro que nós fizemos todo um planejamento de distribuição dentro e
fora do país por meio de excelentes gravadoras/distribuidoras junto com um
plano a parte de marketing e divulgação. O plano para o 2º álbum que estamos
compondo, é de fazermos uma produção superior à do 1º disco e manter o plano de
trabalho do 1º disco de forma mais abrangente. O que não impede de escutarmos,
caso aconteça, propostas de gravadoras.
E
como tem sido a repercussão do álbum, tanto por parte da crítica, quanto por
parte do público?
Felipe
Borges – A repercussão por parte da mídia e crítica, dentro
e fora do Brasil, foi fantástica e nos rendeu diversas grandiosas resenhas e
nomeações como um dos melhores discos de Metal de 2014. Quanto ao público,
darei o exemplo do primeiro show da banda abrindo para o Behemoth em São Paulo,
no Carioca Club, onde o público (3.200 pessoas) nos recebeu muito bem e nos deu
um momento que ficará para a história do Tellus Terror quando durante e no
final do show, eles gritaram o nosso nome e gritaram “Do caralho” (risos). Isso
nos deixou extremamente gratos, e São Paulo, sem dúvida tem um lugar especial
na história de nossa banda.
Bom,
saindo um pouco do disco, o Tellus Terror mescla diversos estilos. Ultimamente
temos visto no underground confronto de tribos, enfim, Black Metal contra
Grindcore, Heavy melódico que nunca foi tolerado por Death Metal, confrontos
desnecessários. O que vocês pensam a respeito?
Felipe
Borges – Dentro do Tellus Terror temos políticas internas
muito rigorosas, tais como: fãs em primeiro lugar acima de tudo, respeitar toda
e qualquer pessoa por igual independente de raça, sexo, classe, religião,
opinião política e estilo que curte. Nós sinceramente esperamos que as pessoas
percebam que, se dentro do Rock e do Metal não tiver separação de tribos, nosso
espaço como um todo será muito maior e muito mais forte.
E
quais os planos para 2015? Como está a agenda de shows da banda, algo que nos
possam adiantar...
Felipe
Borges – Nós temos uma estrutura complexa de palco o que,
infelizmente nos limita a tocar em algumas casas de shows, mas estamos
estudando alguns eventos, e esperamos estar divulgando shows em breve. Nosso
foco principal é de compor e gravar o nosso segundo disco (o qual já estamos
compondo), para gravarmos no final deste ano. O que posso adiantar é que iremos
gravar, editar, mixar e masterizar o segundo disco fora do país, em um estúdio
extremamente conceituado.
Muito
obrigado, parabéns pelo trabalho. Podem deixar uma mensagem aos leitores.
Felipe
Borges – A todos os leitores e fãs, muito obrigado pelo seu
tempo em ler esta entrevista, e saibam que estamos trabalhando bastante para
trazer mais um disco full lenght para vocês, e esperamos vê-los nos shows por
aí!! Muito obrigado também por este excelente espaço para ceder esta
entrevista. Muito Obrigado!!!
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