sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Entrevista: Encéfalo



Por Vitor Franceschin

“Die to Kill” (2015), segundo álbum da banda cearense Encéfalo, veio em meio a turbulências que o leitor poderá conferir na entrevista a seguir. De qualquer forma, o disco trouxe a banda furiosa e mantendo sua essência. Para falar deste trabalho, da turnê que a banda fez pela Europa e dos problemas de formação que enfrentaram, conversamos com o agora power trio que é composto por Henrique Muniz (vocal/baixo), Lailton Sousa (guitarra) e Rodrigo Falconeri (bateria)

Primeiramente a pergunta que não quer calar. Por que a banda gravou o álbum em duas partes (antes e depois da turnê europeia) e o que motivou a saída de Alex Maramaldo?
Rodrigo Falconeri: A gravação já tinha sido terminada. Porém, faltaram recursos para fazer a prensagem e como a turnê já estava marcada não poderíamos adiar, fomos com o que tínhamos e assim que voltamos da Europa conseguimos pegar os CDs.
Lailton Souza: O real motivo da saída do ex-vocalista foi simples, não estávamos mais entrosados há alguns meses depois da volta da Europa, ele estava querendo dar um tempo na banda, as ideias não estavam mais se batendo. Até porque já estávamos em processo de criação de um novo material e ele não comparecia aos ensaios de criação. Estávamos no maior gás e ele estava querendo dar um tempo na banda. Tanto que o novo material só tem composição dos outros 3, ele ouviu e não curtiu, ai já vimos que as ideias estavam diferentes pra continuarmos!

De alguma forma, a turnê europeia influenciou em algo no novo trabalho “Die To Kill”, mesmo vocês já tendo metade do álbum pronto?
Rodrigo: Não chegou a influenciar, pois o “Die To Kill” já estava pronto apenas esperando ser prensado. Mas as influências virão no nosso próximo material que já estamos trabalhando, com mais agressividade, simplicidade e velocidade e também até na nossa logo nova.

E como foi esse tour pelo velho continente? O que puderam trazer como aprendizado e qual a distância da cena de lá para a nossa?
Henrique Monteiro: Essa turnê foi um marco para a banda, tivemos muita dor de cabeça para poder organizar, mas mesmo assim com muita ansiedade de conhecer e fazer o som em outros países deu tudo certo. A experiência é magnífica, tanto para a banda quanto para o pessoal dos membros. Sofremos com os extremos do clima, já que acostumados com 33, 35 graus do nosso Ceará, pulamos para até 3 graus. As diferentes línguas e culturas que também nos enriqueceram bastante. Junto com Xandão do Andralls, nosso brother, tivemos um grande aprendizado além de um grande conhecedor das diversas culturas, que nos deu um “UP” no quesito profissionalismo coisa que no Brasil ainda estamos um pouco longe, tanto no nível do equipamento, quanto dos espaços, organizadores e até do próprio headbanger. Uma das mais marcantes diferenças entre a “cena” era a união, dos bangers indiferente de estilos e a ânsia dos mesmos por materiais das bandas quando curtiam, queriam levar tudo de CDs, camisas, patches, tudo de merchandising para ajudar a banda. Outra diferença eram os eventos que rolavam tranquilos na maioria dos dias da semana.

E como foi todo esse processo, desde o início na concepção do disco?
Rodrigo: Desde que o “Die to Kill” chegou a nossas mãos, tivemos bastante críticas positivas, bastante gente procurando o CD, vários shows surgiram, mesmo que ele não tenha saído 100% do jeito que queríamos principalmente por que quando começamos os shows de lançamento com o CD, já estávamos em outra formação, totalmente em outra vibe do som.

Qual a principal diferença que vocês destacariam entre o novo álbum e “Slave of Pain” (2012)?
Rodrigo: A maior diferença está nas linhagens e nas pegadas mais rápidas e ríspidas no novo álbum, algo nada que mudasse nosso estilo, mas que caracterizasse uma adaptação, uma nova visão sobre nós mesmos. Riffs mais rápidos, pesados, que grudam na cabeça. Bastante ‘blast beats’ e vocais mais agressivos. A produção não ficou do jeito que queríamos, mas as nossas ideias de som e letras estavam perfeitas, isso compensou.

“Die To Kill” mostra um trabalho de guitarras bem focado nos riffs, demonstrando mais feeling do que a técnica em si. Isso foi algo natural ou vocês projetaram isso?
Henrique: Acho que um pouco dos dois, nem 100% natural e nem 100% projetado, quando estamos criando deixamos o som fluir, depois de criado vemos se precisa deixar mais técnico ou mesmo “cru” depende da intensidade do riff. Se for pesado e a nossa cara, isso é o que importa.

Além de um bom equilíbrio entre as músicas, “Die To Kill” tem como destaque a variação rítmica, o que não deixa que o álbum soe cansativo. Esse foi mais um dos objetivos da banda?
Henrique: Sim, queríamos algo que não deixasse o ouvinte clicar no stop sem antes ouvir todas as músicas do CD. Até a ordem das músicas foram escolhidas a dedo, como num show que não deixa o headbanger parar de bater cabeça até na hora de pegar uma cerveja!

Fale-nos um pouco sobre o conceito lírico abordado em “Die To Kill”?
Henrique: Buscamos abordar conceitos do nosso cotidiano. Falamos de conflitos internos e conflitos sociais, guerras, política, críticas aos podres da religião e do próprio ser humano.

E como foi a repercussão do trabalho até então? Vocês obtiveram respostas do exterior?
Rodrigo: Recebemos grandes elogios no Brasil sobre esse álbum. A galera falando que ficou mais pesado, do jeito que havíamos projetado, com pegadas mais Death Metal, riffs mais marcantes, com mais ‘blast beats’. E na Europa não foi diferente, todo show a galera pirava e vinha até nós pessoalmente dizer que gostaram muito do nosso som, e já vinham com grana na mão querendo o CD, blusa e tudo mais que a banda tivesse (risos). Com tudo isso vale ressaltar que o que levamos de merchandising se esgotaram faltando 6 shows na Espanha e em Portugal.

Voltando ao assunto ‘formação da banda’, por que decidiram manter-se como um trio e como tem sido tocar dessa forma?
Henrique: Desde a nossa turnê pela Europa nossos laços e entrosamento já estavam maiores, e com a saída do ex-vocalista só aumentou. Além disso, mesmo depois de ficarmos como um trio os shows continuaram a aparecer, um novo membro seria difícil de se adaptar, pegar as músicas, ter aquele entrosamento no palco e no estúdio, e não podíamos parar! Decidimos ficar os três mesmo. Eu como fazia os backing vocals, e fiz grande parte das letras do “Die to Kill”, decidi assumir a responsabilidade, muito, mas muito ensaio para se adaptar com o vocal, adaptar as linhas das cordas por muitos riffs com duas guitarras. Mas deu mais certo do que acreditávamos. Os primeiros shows foram estranhos, sobrava espaço no palco, mas a cada show fomos nos acostumando e hoje acho que foi uma das melhores decisões que tomamos.

Aliás, como está a agenda da banda e o que planejam? Já estão trabalhando em algo novo?
Rodrigo: A agenda está tranquila, em 2016 estamos com algo em vista para norte e nordeste continuando a divulgação do “Die to Kill”, enquanto já preparamos algo novo! No segundo semestre já entraremos em estúdio com mais 10 faixas da nova fase do Encéfalo, junto com elas mais um videoclipe, e quem sabe mais na frente outra turnê internacional. Algo bem mais pesado, rápido e agressivo vem por ai!

Muito obrigado pela entrevista. Podem deixar uma mensagem.
Encéfalo: Bom, a ENCÉFALO agradece a todos os amigos que de alguma forma nos ajudam, comprando CDs, blusas, comparecendo aos shows, agradecer também aos nossos parceiros do Arquivo Underground que sempre estão nos shows tirando fotos ‘profissionalíssimas’ e sempre vindo com ideias fodas para ajudar a banda. Também agradecer ao Studio Bee Tattoo por nos manter riscados! E preparem os ouvidos que um próximo material já está a caminho! Abração!

https://myspace.com/bandaencefalo

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