quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Sem Textão: O ‘metaleiro’ é hoje o próprio selo “Parental Advisory” de ontem



Por Vitor Franceschini

Qualquer ‘metaleiro’ que se preze sabe a história e o significado do selo ‘Parental Advisory’. Parental Advisory (abreviado PAL) é uma etiqueta de aviso introduzida primeiramente pela Recording Industry Association of America (RIAA) em 1985 e mais tarde adotado pela British Phonographic Industry (BPI) em 2011. O selo é colocado em gravações de áudio para indicar excesso de palavras de baixo calão ou referências inapropriadas, com a intenção de alertar os pais que naquele produto há material potencialmente incompatível com ouvintes mais jovens.

Em resumo, a Parents Music Resource Center (PMRC), grupo conservador norte-americano liderado por Mary “Tipper” Gore (esposa do ex-vice presidente norte-americano Al Gore, na época senador) fez uma lista de quinze músicas em 1985 que considerava ‘perigosa’ em diversos contextos às crianças norte-americanas. Nesta lista aparece W.A.S.P., Judas Priest, Mötley Crue, Mercyful Fate, AC/DC, Venom, Def Leppard, entre outros para citar as principais do Metal. O comitê da PMRC entrou com pedido para que o selo Parental Advisory fosse colocado nos discos que considerava ofensivos para proteger as crianças de influências externas. Por fim, a reivindicação foi aceita e os discos ‘rotulados’. O tiro saiu pela culatra, pois serviu de propaganda para as bandas, sendo que hoje em dia, muitas delas o colocam por conta própria.

Enfim, onde queremos chegar com isso? Caro amigo polarizado, o fato é que o Metal não combina com conservadorismo! Não, não é uma regra, é um fato! Tanto que se você não compreendeu o que aconteceu de verdade ali em cima, ou você precisa aprender interpretação de texto ou é teimoso. Mas calma, vamos chegar num consenso. Isso não quer dizer, que você conservador, não possa ouvir Heavy Metal e suas vertentes. Aliás, todo mundo pode, qualquer um pode, não tem regra pra isso. O fato é que não tem como o estilo soar conservador, defender um sistema (seja ele qual for) e andar lado a lado com ideias que o oprimiu (incluindo aí o conservadorismo imposto nos ditos governo de esquerda durante regimes comunistas, que todo mundo conhece, vai...). Claro que isso acontece, mas não passa de hipocrisia.

Portanto, para quem gosta de algo que ‘pastou’, isso mesmo, ‘pastou’ nas mãos do conservadorismo, foi e é estereotipado principalmente como música do diabo ou de drogados, ir a favor desse conservadorismo é um tiro no pé!

E tem mais, o ‘headbanger’, ‘metaleiro’ e seja lá o que for, que estereotipa outras coisas (estilo musical, jogo, filme, qualquer linguagem artística) sem a conhecer a fundo, sem saber a proposta e o conceito, não passa do conservador da PRMC de ontem, só que hoje. Capicce? É importante tentar compreender outras formas de expressões, sejam elas musicais ou não, para compreender inclusive porque o estilo que tanto amamos é estereotipado e isso é fácil. Quando se expande estes horizontes, não gostando exatamente de algo, mas entendendo, fica mais fácil o diálogo e compreensão de tudo que vem pela frente.  

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*Vitor Franceschini é editor do ARTE Metal, jornalista graduado, palmeirense e headbanger, e acha que os conservadores só são conservadores até a entrada do bordel. 

7 comentários:

  1. Mandou MUITO, Vitão!
    Curto, grosso e vai doer nos conserva-bangers.
    Parabéns!

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  2. Metal é subversão ao sistema. Bom texto, pensei que ele fosse defensor de um dos lados da política, mas me surpreendi.

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    1. Ivan, o Metal foi oprimido por todos os lados e todos os lados teve seus pontos de conservadorismo, seria hipocrisia apontar um só.

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  3. Sensacional! Metal é quebra de paradigma! Não combina com conservadorismo! Adorei o texto!

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  4. Perfeito, o metal em sua essência é a favor da liberdade, o headbanger de fato é um anarquista mas não sabe que é um! Ou seja, metal não combina com esquerda ou direita! Fato!!!

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